
A complexidade dos ambientes de TI cresceu de forma exponencial nos últimos anos. A transição para arquiteturas distribuídas, microsserviços e cloud computing trouxe desafios significativos para equipes de infraestrutura e segurança. As abordagens tradicionais de monitoramento e observabilidade, baseadas em métricas de alto nível e instrumentação de aplicações, muitas vezes não conseguem fornecer uma visão completa do que está acontecendo no sistema.
É nesse contexto que o eBPF (Extended Berkeley Packet Filter) surge como uma tecnologia revolucionária, permitindo monitoramento avançado e segurança proativa diretamente no kernel do sistema operacional, sem a necessidade de modificar aplicações ou impactar a performance. Empresas como Google, Meta, Netflix e Cloudflare já utilizam essa abordagem para aprimorar suas estratégias de observabilidade e segurança.
O que é eBPF e por que ele é disruptivo?
Originalmente projetado para filtragem de pacotes de rede, o eBPF evoluiu para um mecanismo poderoso de observabilidade e segurança, permitindo que código seja executado de forma segura dentro do kernel do Linux. Isso significa que, ao invés de depender apenas de logs de aplicações ou métricas superficiais, podemos coletar dados detalhados sobre chamadas de sistema, consumo de recursos e interações entre processos — tudo isso sem a necessidade de instrumentar o código-fonte das aplicações.
As principais vantagens do eBPF incluem:
- Baixo Overhead – O eBPF roda diretamente no kernel, otimizando a coleta de dados sem impacto significativo no desempenho do sistema.
- Segurança Aprimorada – Diferente de abordagens que exigem módulos de kernel externos, o eBPF opera de forma isolada, reduzindo riscos de vulnerabilidades.
- Observabilidade Universal – O eBPF permite monitorar aplicações escritas em qualquer linguagem, analisando chamadas de sistema e comportamento de processos sem modificar o código-fonte.
- Flexibilidade e Extensibilidade – Com suporte a uma ampla gama de cenários, o eBPF pode ser usado para monitoramento de redes, análise de segurança, rastreamento de chamadas de sistema e depuração de desempenho.
Casos de Uso do eBPF em Observabilidade e Segurança
Com sua capacidade de capturar eventos diretamente do kernel, o eBPF se tornou a base para uma nova geração de ferramentas de monitoramento. Abaixo estão alguns dos principais casos de uso:
1. Monitoramento de Rede e Segurança
O eBPF permite a inspeção profunda do tráfego de rede e análise do comportamento dos pacotes em tempo real. Ferramentas como o Cilium utilizam essa tecnologia para fornecer segurança e observabilidade para microsserviços e Kubernetes, garantindo que apenas comunicações autorizadas ocorram dentro da infraestrutura. Além disso, soluções como o Falco permitem detectar atividades suspeitas e comportamentos maliciosos, atuando como um sistema de detecção de intrusão (IDS).
2. Monitoramento de Aplicações e Infraestrutura
O eBPF possibilita a observabilidade sem a necessidade de instrumentação explícita de código, permitindo monitoramento imediato de aplicações sem intervenção dos desenvolvedores. Ferramentas como o Pixie oferecem monitoramento cloud-native baseado em eBPF, coletando métricas de latência, interações entre serviços e uso de recursos automaticamente.
3. Detecção de Gargalos de Performance
Com o eBPF, é possível capturar dados detalhados sobre consumo de CPU, uso de memória e operações de disco, ajudando a otimizar aplicações de alto desempenho. Soluções como o BPFTrace permitem rastrear chamadas de sistema e identificar bottlenecks em bancos de dados, APIs e sistemas distribuídos, fornecendo insights valiosos para otimização.
4. Observabilidade para Ambientes Kubernetes
No ecossistema de microsserviços, o eBPF é fundamental para monitorar interações entre pods, identificar problemas de latência e detectar falhas de comunicação entre serviços. Ao atuar no nível do kernel, ele permite rastrear chamadas entre containers sem necessidade de modificar as aplicações, garantindo um monitoramento mais profundo e preciso.
Ferramentas Baseadas em eBPF
O crescimento do ecossistema de eBPF gerou uma série de ferramentas voltadas para observabilidade e segurança, incluindo:
- Cilium – Monitoramento e segurança de redes para microsserviços e Kubernetes.
- Falco – Segurança baseada em runtime, detectando ameaças no sistema.
- BPFTrace – Depuração e rastreamento de chamadas de sistema no Linux.
- Pixie – Observabilidade automática para aplicações cloud-native sem necessidade de instrumentação.
- Katran – Load balancer de alta performance criado pelo Facebook.
Com essas ferramentas, é possível aproveitar os benefícios do eBPF sem precisar desenvolver soluções do zero, tornando a adoção dessa tecnologia mais acessível para empresas de todos os tamanhos.
O Futuro da Observabilidade com eBPF
Com a crescente adoção do Kubernetes, computação serverless e edge computing, o eBPF se tornará ainda mais relevante para empresas que buscam monitoramento avançado e segurança reforçada. A tendência é que novas ferramentas baseadas em eBPF continuem surgindo, possibilitando monitoramento autônomo e preditivo em infraestruturas cada vez mais complexas.
Além disso, à medida que a demanda por detecção de ameaças em tempo real cresce, o eBPF será cada vez mais utilizado para prevenção de ataques, auditorias contínuas e resposta a incidentes de segurança.
O eBPF está revolucionando a observabilidade, permitindo que empresas tenham visibilidade total da infraestrutura sem impacto no desempenho. Com a capacidade de capturar eventos diretamente do kernel, essa tecnologia elimina a necessidade de instrumentação manual, reduzindo a complexidade da gestão de ambientes distribuídos.
Se a sua empresa ainda depende de monitoramento convencional, pode estar enxergando apenas a superfície dos problemas. O Flightdeck está atento às tendências e tecnologias que moldam o futuro da observabilidade, e o eBPF certamente será um dos pilares para a próxima geração de monitoramento e segurança.
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